Até quando assistiremos aos mesmos filmes na história deste mundo? É claro que mudam alguns personagens, os tempos e certos elementos, mas a trama, em sua essência, é praticamente a mesma. Estamos nos referindo aos diversos momentos de crise do modo de produção, ou como preferimos, modo de vida capitalista, ao longo dos processos históricos. Achamos até hilário quando se fala nesses momentos de crise, pois sempre se referem à crise no sistema econômico, como se fossem situações passageiras.
Representantes de alguns países se reúnem, presidentes de bancos, de empresas diversas, representantes de instituições internacionais e discutem o que deve ser feito para resolver ou amenizar a situação de crise. Bilhões em dinheiro são mobilizados, pelos Estados, para socorrer empresários, medidas são tomadas nos países no intuito de controlar a situação de crise no sistema financeiro. O mais intrigante é que o cotidiano vivido pelas pessoas desaparece dos discursos. Os debates são apenas acerca de como salvar a economia em colapso. Não importa quais medidas deverão ser tomadas, desde que consigam assegurar a permanência das coisas tais como estão. Pode até ser que, em algum momento, haja concessões para as populações dos mais diversos lugares. Concessões que visem controlar certas situações de alguns mercados e que depois ainda podem ser vistos como boas ações feitas pelos Estados.
Mas como podem ser passageiras as crises se, permanentemente, existem bilhões (sim, bilhões!) de pessoas no mundo que passam por diversos – e quase sempre concomitantes – agravos materiais e imateriais também (por diversas razões)??? Nesse sentido, consideramos que não há crise passageira. A crise é a própria forma de organização desta sociedade, sob muitos aspectos, o que por si, implica contradições que geram grande parte das mazelas sociais que conhecemos. E isto não é novidade. Aliás, parece até que é algo naturalizado, como se fosse uma fatalidade e uma sina vivermos assim. Como alguém pode pensar que existem momentos de bonança, de abastança, neste mundo, se não é para todos? Alguns podem dizer que esta fala é piegas, panfletária, ou que é fora da realidade...já ouvimos isto em diversas ocasiões. Mas pouco nos importa. Estamos expressando pensamentos e sentimentos humanos. Enquanto sujeitos que somos, refletimos sobre as nossas experiências cotidianas e as relações disto com as outras escalas, que não só a local.
Contudo, enquanto houver quem acredite que é possível um outro modo de organizar as sociedades, um modo que não tenha como pressuposto pessoas com fome - pessoas sem fome, pessoas com teto - pessoas sem teto, pessoas que estudam – pessoas que não estudam, pessoas com muito e outras com pouco ou nada...enquanto houver quem crê em outras possibilidades, poderá tornar-se realidade.
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Silvia Bochicchio - 02/04/2009
Sil, acho estamos em estado de letargia. Todos nós estamos dopados, apenas vivendo a nossa bendita rotina. Nos acomodamos, naturalizamos está situação de tal forma, que convivemos com as desigualdades e não criamos formas de mudar a lógica deste sistema. Quer dizer,porque não mudar este sistema. As cidades são os locais que mais ultrapassam a capacidade de suporte dos ecossistemas locais, ou seja, ela retira o máximo e mais um pouco dos recursos naturais daquela área específica, criando um déficit para áreas menos urbanizadas, o que significa que estes locais pagam pelo estilo de vida que estes locais produzem.Reconheço que as cidades são também locais de produção artística, intelectual, das indústrias, da pulsação frenética das tranformações, mas infelizmente é um local, que predomina a injustiça e a indiferença. Sil, adorei seu texto!!Você escreve super bem!!! É um convite a um bom debate! Cheiro, linda!!!
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