segunda-feira, 2 de maio de 2011

QUEM É TERRORISTA?

Não posso ficar como um observador passivo diante das mentiras, simplificações históricas e, sobretudo, da arrogância do chamado ‘’Mundo Ocidental’’. Osama Bin Laden está morto. Como se não bastasse o oportunismo político da notícia dada por Barack Obama, tive que me contentar em assistir a uma enxurrada de matérias produzidas pela imprensa hegemônica brasileira prol Estados Unidos. Uma imprensa fascista, que finge não saber o porquê do mundo árabe ter gerado tantas facções chamadas, pelo Ocidente judaico-cristão, de ‘’terroristas’’.

Vamos começar a situar o problema da execução de Saddam Hussein, Osama Bin Laden e tantos outros seres humanos islâmicos do Taleban. Todo mundo sabe que desde o fim da União Soviética, os Estados Unidos vieram se preparando, tacitamente, para funcionar como superpotência única na história mundial. O fato é que ninguém controla os Estados Unidos, a não ser o temor. A ONU não passa de um instrumento da política externa norte-americana, as pessoas sabem disso.

Mas, comecemos pela guerra do Golfo. Muitos sabem que os Estados Unidos haviam colaborado com o Iraque na guerra que houve entre o Iran e o Iraque (1980-1988). Mas quando Saddam Hussein resolveu assumir a posição de ‘’líder’’ político do mundo árabe a coisa mudou de rumo. Na guerra do Golfo, ocorrida entre 1990 e 1991, a idéia básica da iniciativa norte-americana foi a de barrar, a qualquer custo, aquele intento de Saddam de tomar o Kuwait. Claro, o Kuwait exportava cerca de US$ 15 bilhões anuais em barris de petróleo.

Em dezembro de 1990, o conselho de segurança da ONU autorizou os países membros a atuarem militarmente na ‘’libertação’’ do Kuwait. Centenas de milhares de civis iraquianos morreram com os ataques militares estadunidenses. Em 2001, as duas torres gêmeas caíram. Os acusados foram Osama Bin Laden e a Al Qaeda, do Afeganistão, país naquela época sob o domínio do Taleban. Não estou de acordo com as interpretações feitas pelo Taleban do livro sagrado dos muçulmanos.

Basicamente, o Taleban condenava a cultura política e econômica dos estadunidenses. Os filmes norte-americanos, a televisão, a música, enfim, toda a produção cultural dos Estados Unidos era contrária aos princípios do Taleban. Além disso, o Taleban responsabilizava os norte- americanos por apoiarem os israelenses contra os povos árabes. É mentira? Toda ação que tem um fim político-militar tem uma reação também com um fim político-militar, isto parece lógico.

Mas voltemos a Al Qaeda. O grupo terrorista que supostamente organizou o atentado contra as torres nem sequer confessou a autoria. Então, contra quem exatamente se estava lutando? Quem era o inimigo? Em 2003, aconteceu novo conflito entre Estados Unidos e Iraque. Centenas de milhares de civis foram mortos pelas mesmas forças de coalizão que, em guerras anteriores, defendiam veementemente a idéia de ‘’direitos humanos’’. Agora, a morte de Osama Bin Laden é apresentada como um triunfo da ‘’justiça’’. Todas as chamadas organizações terroristas, não sei o porquê, (quem sabe?), tem um objetivo comum: barrar o processo de desarticulação do mundo islâmico promovido pelos Estados Unidos. Frente Popular para a libertação da Palestina (FPLP); Hamas; Hezbollah; Al Qaeda e tantos outros, que são chamados, com fins meramente políticos, de terroristas. Fica a pergunta que não cala: quem é terrorista? E.U.A ou os árabes?

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Wadson Calasans

A morte de Osama Bin Laden

Osama Bin Laden morreu. Quando vi a notícia nos jornais, logo vieram algumas perguntas à cabeça: Como? Quando? Contudo, as respostas estão longe de serem respondidas a contento. Apenas o que sabemos é que as forças norte-americanas o mataram, em ataque à sua residência (E, diga-se de passagem, um de seus filhos e outras pessoas também foram mortas. Isto está certo?! A ação dos norte-americanos foi vista com naturalidade pela imprensa em geral) e que dizem que seu corpo foi sepultado no mar (desconsiderando a fé islâmica). Essa explicação basta?! Será que o assassinato do Osama ocorreu agora mesmo? Por que livraram-se do corpo e ninguém pode ver ou examinar? Muitas outras perguntas surgem sobre isto. Também nos perguntamos por que motivo ele não foi preso e julgado como deveria ser. Se bem que se fosse no mesmo tribunal no qual o Saddam Hussein foi "julgado" não mudaria muita coisa.

O porquê nós já sabemos. Osama era acusado de terrorismo e era líder da Al Qaeda. Mas esta é apenas uma resposta simplista. Sabemos que os EUA nunca engoliram aquele ataque de 11 de setembro de 2001 às torres gêmeas e outros pontos e que queriam vingança. VIngança que tem gerado, há anos, guerras no mundo árabe. A chamada "guerra ao terror", como eles intitulam, só tem espalhado mais terror e morte de milhares de civis no Iraque, no Paquistão e no Afeganistão (para não mencionar tantas ações norte-americanas em outras partes do oriente). É, outrossim, importante destacar que a morte de Osama Bin Laden ocorre em momento próximo às eleições para presidência dos EUA e o Obama é candidato à reeleição.

O terror tem sido espalhado pelos EUA em várias partes do mundo, isso não é novidade. Eles fomentam a guerra, por seus interesses econômicos, e depois aparecem como os que levam a ajuda humanitária. E ainda querem continuar com esse discurso hipócrita de democracia e direitos humanos que eles nunca respeitaram. E o Bush? Ele não deveria ser julgado por comandar tantos ataques ocasionando a morte de tanta gente?E o Obama, com todo o seu carisma, recebeu o prêmio Nobel da Paz, como em uma tentativa de melhorar a imagem do país dele perante o mundo. Ainda tem gente que pergunta o motivo de tanto ódio contra os norte-americanos. Por que será que que a bandeira dos EUA é queimada em tantas partes? Por que não é a do Brasil, ou de Camarões, da Bolívia, do Chipre...?

Ainda não podemos afirmar que repercussões a morte do Osama trará. As possibilidades são diversas. Há quem acredite que a Al Qaeda não deixará sem resposta. Outros crêem que dita organização encontra-se enfraquecida e que não tem força, no momento, para promover ataques contra os norte-americanos. Ademais, mencionamos a posição favorável da diplomacia brasileira quanto ao fato tal como ocorreu e demonstramos a nossa inquietação, não por defendermos a Al Qaeda ou algo assim. Mas porque há muito discurso de justiça quando ela está longe de existir.

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Silvia Bochicchio