Não posso ficar como um observador passivo diante das mentiras, simplificações históricas e, sobretudo, da arrogância do chamado ‘’Mundo Ocidental’’. Osama Bin Laden está morto. Como se não bastasse o oportunismo político da notícia dada por Barack Obama, tive que me contentar em assistir a uma enxurrada de matérias produzidas pela imprensa hegemônica brasileira prol Estados Unidos. Uma imprensa fascista, que finge não saber o porquê do mundo árabe ter gerado tantas facções chamadas, pelo Ocidente judaico-cristão, de ‘’terroristas’’.
Vamos começar a situar o problema da execução de Saddam Hussein, Osama Bin Laden e tantos outros seres humanos islâmicos do Taleban. Todo mundo sabe que desde o fim da União Soviética, os Estados Unidos vieram se preparando, tacitamente, para funcionar como superpotência única na história mundial. O fato é que ninguém controla os Estados Unidos, a não ser o temor. A ONU não passa de um instrumento da política externa norte-americana, as pessoas sabem disso.
Mas, comecemos pela guerra do Golfo. Muitos sabem que os Estados Unidos haviam colaborado com o Iraque na guerra que houve entre o Iran e o Iraque (1980-1988). Mas quando Saddam Hussein resolveu assumir a posição de ‘’líder’’ político do mundo árabe a coisa mudou de rumo. Na guerra do Golfo, ocorrida entre 1990 e 1991, a idéia básica da iniciativa norte-americana foi a de barrar, a qualquer custo, aquele intento de Saddam de tomar o Kuwait. Claro, o Kuwait exportava cerca de US$ 15 bilhões anuais em barris de petróleo.
Em dezembro de 1990, o conselho de segurança da ONU autorizou os países membros a atuarem militarmente na ‘’libertação’’ do Kuwait. Centenas de milhares de civis iraquianos morreram com os ataques militares estadunidenses. Em 2001, as duas torres gêmeas caíram. Os acusados foram Osama Bin Laden e a Al Qaeda, do Afeganistão, país naquela época sob o domínio do Taleban. Não estou de acordo com as interpretações feitas pelo Taleban do livro sagrado dos muçulmanos.
Basicamente, o Taleban condenava a cultura política e econômica dos estadunidenses. Os filmes norte-americanos, a televisão, a música, enfim, toda a produção cultural dos Estados Unidos era contrária aos princípios do Taleban. Além disso, o Taleban responsabilizava os norte- americanos por apoiarem os israelenses contra os povos árabes. É mentira? Toda ação que tem um fim político-militar tem uma reação também com um fim político-militar, isto parece lógico.
Mas voltemos a Al Qaeda. O grupo terrorista que supostamente organizou o atentado contra as torres nem sequer confessou a autoria. Então, contra quem exatamente se estava lutando? Quem era o inimigo? Em 2003, aconteceu novo conflito entre Estados Unidos e Iraque. Centenas de milhares de civis foram mortos pelas mesmas forças de coalizão que, em guerras anteriores, defendiam veementemente a idéia de ‘’direitos humanos’’. Agora, a morte de Osama Bin Laden é apresentada como um triunfo da ‘’justiça’’. Todas as chamadas organizações terroristas, não sei o porquê, (quem sabe?), tem um objetivo comum: barrar o processo de desarticulação do mundo islâmico promovido pelos Estados Unidos. Frente Popular para a libertação da Palestina (FPLP); Hamas; Hezbollah; Al Qaeda e tantos outros, que são chamados, com fins meramente políticos, de terroristas. Fica a pergunta que não cala: quem é terrorista? E.U.A ou os árabes?
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Wadson Calasans