Cá estamos nós, para falarmos mais uma vez de uma coisa que talvez pouco interessa às ‘’pessoas’’: o Carnaval de Salvador. Utilizamos o termo ‘’pouco’’ porque do ponto de vista que desejamos falar desta festa maravilhosa, incomoda, ainda que seja em medida insignificante atualmente, algumas pessoas que todo ano ‘’selecionam’’ elementos importantes do Carnaval, para fazer crer que as contradições astronômicas que há na festa, a miséria, a imposição simbólica de um certo modelo a ser seguido, enfim, todas estas coisas, podem ser ‘’carnavalizadas’’, e no fim das contas, é realmente isto que importa e apenas isto!
E se incomoda, é natural que interesse pouco! Acontece que quando deixamos de chamar a atenção (ou quando só o fazemos em questões pontuais) para dinâmicas sociais que nos arrastam, sem haver alguma reflexão de escolha de um outro tipo de mundo, algo está errado. O que é o Carnaval de Salvador hoje? Não vou afirmar ou reduzir a resposta ao mercado, dizendo que a festa pertence incondicionalmente ao mercado – muito embora isto seja incorporado, pelos que estão confortavelmente no poder, como uma força motriz da festa, uma condição para que esta exista!
O mercado é feito de pessoas! São grupos humanos se relacionando, pensando, decidindo etc. O Carnaval é feito de e por pessoas também – se é que ainda lembramos disto! E se há seres humanos, há sem dúvida cultura, tradição, história etc. Há também aquilo que chamamos de ‘’Cultura Popular’’. Acontece que chegamos num momento histórico no qual a idéia de Cultura Popular foi, e ainda está sendo, ‘’espremida’’ e amordaçada por um bloco histórico de poder que decidiu selecionar – muitos preferem o eufemismo do termo ‘’socializar’’ – o que as pessoas devem ou não incorporar como sendo formas legítimas da festa carnavalesca.
Por isso, o modelo da fama, do sucesso respaldado pela mídia – um importante grupo detentor das principais formas de mediação entre os diversos grupos sociais –, das músicas mais tocadas e veiculadas pelos diversos meios de comunicação, o modelo dos objetos que precisam ser adquiridos para ‘’curtir o Carnaval’’ (porque sem os quais a ‘’minha’’ realização na festa seria um ‘’fiasco’’), enfim, tudo isto parece ter mais importância do que simplesmente ‘’transgredir’’ as regras sociais no período momesco – aliás, uma marca histórica do Carnaval, da idéia de carnavalizar o mundo e suas coisas.
Wadson Calasans, 16/02/2009.
Ai, Wadson! Concordo, a palavra-chave dessa festa gostosa é "transgressão". Mas, apesar dessa questão da manipulação midiática e erc, quero muito conhecer o carnaval de vocês!!!
ResponderExcluirAbraçO!
Parabéns!