É... Agora doença mental se transformou em cortina de fumaça.
Uma mulher corajosa, indignada com as suas condições materiais (e imateriais também!) - que são as mesmas para a maioria dos brasileiros -, ao ver em jornais na TV a notícia do absurdo aumento de salários aos deputados, senadores, juízes, decide tomar alguma atitude.
Pegou uma faca e esperou um certo Deputado Federal na saída de seu escritório. À visão de seu alvo agiu.
Uma facada nas costas do homem. Não conseguiu matar.
Nas ruas, os comentários foram os mais diversos, depois de noticiado o ocorrido.
Houve quem dissesse: "Que pena que não matou!".
Outros, mais moderados, entendem as razões da mulher, mas não apóiam a violência.
E ainda há quem tenha achado absurda a atitude e, no mesmo caminho que tomou parte da imprensa, dizem que a mulher é doente mental.
Bem, ao ver as declarações que deu a senhora Rita às emissoras de TV, esta não nos pareceu louca. Não. Ela diz coisas que, embora de modo um pouco confuso para quem não quer entender, são coisas coerentes.
Ela, como milhões, passou e passa por situações que, com toda a certeza, o Deputado nunca viveu, por razões óbvias.
Antes de qualquer coisa, não estamos fazendo apologia à violência. Só pretendemos demonstrar que na sociedade existem tensões, resoluções e irresoluções muito mais complexas do que a simples taxação de um indivíduo como louco.
Agora, parte da imprensa que se diz -paradoxalmente - popular transforma esta agente da sociedade em louca.
Até psicólogos são chamados, e talvez outros especialistas, para avaliar, através de um VT, a senhora Rita.
Com que base alguém pode taxá-la como qualquer coisa sem um diálogo? E mesmo com avaliações médicas, podemos reduzir a discussão a isto?
Dizem que foi surto. Se nós tivéssemos surtos assim, pelas mesmas razões e por outras indignações sociais, seríamos agentes contra-hegemônicos.
Imaginamos que a propagação da idéia de que quem se indigna a esse ponto é louco é para não virar moda. A loucura se transformou, então, em cortina de fumaça para ocultar as mazelas de nossa sociedade. Para desviar o foco das contradições que saltam aos olhos.
É a confusão dos espíritos, como já dizia Milton Santos.
Wadson Calasans e Silvia Bochicchio - dezembro /2006
Uma mulher corajosa, indignada com as suas condições materiais (e imateriais também!) - que são as mesmas para a maioria dos brasileiros -, ao ver em jornais na TV a notícia do absurdo aumento de salários aos deputados, senadores, juízes, decide tomar alguma atitude.
Pegou uma faca e esperou um certo Deputado Federal na saída de seu escritório. À visão de seu alvo agiu.
Uma facada nas costas do homem. Não conseguiu matar.
Nas ruas, os comentários foram os mais diversos, depois de noticiado o ocorrido.
Houve quem dissesse: "Que pena que não matou!".
Outros, mais moderados, entendem as razões da mulher, mas não apóiam a violência.
E ainda há quem tenha achado absurda a atitude e, no mesmo caminho que tomou parte da imprensa, dizem que a mulher é doente mental.
Bem, ao ver as declarações que deu a senhora Rita às emissoras de TV, esta não nos pareceu louca. Não. Ela diz coisas que, embora de modo um pouco confuso para quem não quer entender, são coisas coerentes.
Ela, como milhões, passou e passa por situações que, com toda a certeza, o Deputado nunca viveu, por razões óbvias.
Antes de qualquer coisa, não estamos fazendo apologia à violência. Só pretendemos demonstrar que na sociedade existem tensões, resoluções e irresoluções muito mais complexas do que a simples taxação de um indivíduo como louco.
Agora, parte da imprensa que se diz -paradoxalmente - popular transforma esta agente da sociedade em louca.
Até psicólogos são chamados, e talvez outros especialistas, para avaliar, através de um VT, a senhora Rita.
Com que base alguém pode taxá-la como qualquer coisa sem um diálogo? E mesmo com avaliações médicas, podemos reduzir a discussão a isto?
Dizem que foi surto. Se nós tivéssemos surtos assim, pelas mesmas razões e por outras indignações sociais, seríamos agentes contra-hegemônicos.
Imaginamos que a propagação da idéia de que quem se indigna a esse ponto é louco é para não virar moda. A loucura se transformou, então, em cortina de fumaça para ocultar as mazelas de nossa sociedade. Para desviar o foco das contradições que saltam aos olhos.
É a confusão dos espíritos, como já dizia Milton Santos.
Wadson Calasans e Silvia Bochicchio - dezembro /2006
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