Mais uma vez nos colocamos diante da ‘’árdua’’ tarefa que é tecer comentários e/ou fazer reflexões sobre o ensino da História na contemporaneidade. Partir-se-á de um elemento que julgamos ser importante em qualquer tentativa ou proposta de reflexão: cultura. Mais precisamente cultura e sociedade, ambos conceitos absolutamente dialógicos, isto é, estão sempre sendo ao invés de serem.
Mas como conceber, em tempos atuais, na era da globalização perversa, do dinheiro em estado puro, do consumo como sendo o principal ‘’fundamentalismo’’ de nossos tempos, uma educação humanizadora, alicerçada por isso mesmo nas diversas e múltiplas manifestações da vida humana? Uma educação que, por ser especificamente humana, consiga dar cabo não da transmissão de conteúdos mas sim da construção crítica dos mesmos, estimulando e possibilitando os seres humanos a se assumirem como seres que escolhem, que decidem, que optam, que fazem e refazem a sua própria história?
Cultura, conceito tão ‘’vago’’ quanto sociedade, economia, ética etc., surge neste contexto histórico no qual nós estamos imersos, como algo mais ou menos igual para todos os povos! Por isso mesmo falar de cultura e sociedade, sob o prisma da educação tal como querem nos fazer crer, é falar de cultura como entretenimento; é falar sobre e pensar sobre a sociedade não como possibilidade, mas como determinação; é falar de cultura como uma ‘’cascata’’ exótica a que chamamos de ‘’recursos’’, como se tudo e todos não passassem de recursos; portanto, sociedade e cultura são conceitos, formas de pensar e agir que surgem desprovidos de materialidade humana, desprovidos do que chamamos de materiais sócio-historicamente humanos.
Não aceitamos ser desnecessário ou piegas retomarmos o debate, por exemplo, do que vem a ser um conteúdo ou conteúdos educacionais, de como eles se processam na vida prática dos seres humanos, dado o contexto histórico fundamental em que nós vivemos e como o vivenciamos. Em nosso caso específico, faz-se necessário cada vez mais, talvez como nunca antes na história, repensarmos o ensino dos conteúdos de história bem como as suas diversas possibilidades.
A História, como qualquer outra disciplina do conhecimento, está sujeita a ‘’usos’’ e ‘’abusos’’ sociais; a apropriações que indivíduos, grupos sociais e classes sociais diversos fazem deste tipo de saber.
Justamente por serem saberes eminentemente humanos, é que podem ocorrer transgressões, é que podem se desdobrar em favor de ou contra alguém. Por isso, queremos reinsistir que não se pode pensar a educação sem, contudo, situá-la em suas condições subjetivas e objetivas em uma dada sociedade, em um dado contexto social. Para pensarmos praticamente, peguemos, por exemplo, o caso dos cursinhos pré-vestibulares existentes em todo o país. Sob quais situações os seres humanos constroem o conhecimento?
Entendemos que esta criação ou concepção de educação (os cursinhos), fruto, sabemos, do descaso que há com a educação pública, com a coisa pública de um modo geral, fragmenta o sujeito ou pelo menos contribui de modo significativo para este fato. A possibilidade imediata que é dada ao educador, outrossim, ao educando, é a de treinar os seres humanos para um único fim: o de passar no vestibular. A quem serve este tipo de educação e ao que serve? E há quem diga que esta forma de se conceber a educação atual é uma espécie de ‘’mal necessário’’!
Não queremos negar com estas reflexões os condicionantes existentes. Ao contrário, reconhecemos que na maioria das vezes os espoliados, os explorados pela gulodice do lucro se adaptam a esta forma malvada de se reduzir o ser de homens e mulheres a meros recursos, recursos estes que têm um tempo bem delimitado para serem produzidos nas ‘’fornalhas’’ da exploração do neoliberalismo, para poderem o mais rápido possível engrossar a fileira do exército de mão-de-obra rápida e eficaz!
Mas porque são seres humanos, por isso mesmo não determinados, podem e devem ir além dos condicionantes. Neste sentido, pensamos cultura, sociedade e educação como possibilidade, porque são manifestações humanas. Entendemos História como um terreno fértil do existir humano, dialético e contraditório em essência. Se cultura pode, por um lado, expressar manifestações simbólicas, sentimentos e emoções subjetivos, por outro, ela também está situada num contexto material específico, num contexto de experiências compartilhadas, num contexto em que certas formas específicas e hegemônicas de trabalho, exploração e resistência existem objetivamente, havendo, por isso mesmo, uma relação dialética entre o subjetivo e o objetivo.
Wadson Calasans - Agosto/2007
Mas como conceber, em tempos atuais, na era da globalização perversa, do dinheiro em estado puro, do consumo como sendo o principal ‘’fundamentalismo’’ de nossos tempos, uma educação humanizadora, alicerçada por isso mesmo nas diversas e múltiplas manifestações da vida humana? Uma educação que, por ser especificamente humana, consiga dar cabo não da transmissão de conteúdos mas sim da construção crítica dos mesmos, estimulando e possibilitando os seres humanos a se assumirem como seres que escolhem, que decidem, que optam, que fazem e refazem a sua própria história?
Cultura, conceito tão ‘’vago’’ quanto sociedade, economia, ética etc., surge neste contexto histórico no qual nós estamos imersos, como algo mais ou menos igual para todos os povos! Por isso mesmo falar de cultura e sociedade, sob o prisma da educação tal como querem nos fazer crer, é falar de cultura como entretenimento; é falar sobre e pensar sobre a sociedade não como possibilidade, mas como determinação; é falar de cultura como uma ‘’cascata’’ exótica a que chamamos de ‘’recursos’’, como se tudo e todos não passassem de recursos; portanto, sociedade e cultura são conceitos, formas de pensar e agir que surgem desprovidos de materialidade humana, desprovidos do que chamamos de materiais sócio-historicamente humanos.
Não aceitamos ser desnecessário ou piegas retomarmos o debate, por exemplo, do que vem a ser um conteúdo ou conteúdos educacionais, de como eles se processam na vida prática dos seres humanos, dado o contexto histórico fundamental em que nós vivemos e como o vivenciamos. Em nosso caso específico, faz-se necessário cada vez mais, talvez como nunca antes na história, repensarmos o ensino dos conteúdos de história bem como as suas diversas possibilidades.
A História, como qualquer outra disciplina do conhecimento, está sujeita a ‘’usos’’ e ‘’abusos’’ sociais; a apropriações que indivíduos, grupos sociais e classes sociais diversos fazem deste tipo de saber.
Justamente por serem saberes eminentemente humanos, é que podem ocorrer transgressões, é que podem se desdobrar em favor de ou contra alguém. Por isso, queremos reinsistir que não se pode pensar a educação sem, contudo, situá-la em suas condições subjetivas e objetivas em uma dada sociedade, em um dado contexto social. Para pensarmos praticamente, peguemos, por exemplo, o caso dos cursinhos pré-vestibulares existentes em todo o país. Sob quais situações os seres humanos constroem o conhecimento?
Entendemos que esta criação ou concepção de educação (os cursinhos), fruto, sabemos, do descaso que há com a educação pública, com a coisa pública de um modo geral, fragmenta o sujeito ou pelo menos contribui de modo significativo para este fato. A possibilidade imediata que é dada ao educador, outrossim, ao educando, é a de treinar os seres humanos para um único fim: o de passar no vestibular. A quem serve este tipo de educação e ao que serve? E há quem diga que esta forma de se conceber a educação atual é uma espécie de ‘’mal necessário’’!
Não queremos negar com estas reflexões os condicionantes existentes. Ao contrário, reconhecemos que na maioria das vezes os espoliados, os explorados pela gulodice do lucro se adaptam a esta forma malvada de se reduzir o ser de homens e mulheres a meros recursos, recursos estes que têm um tempo bem delimitado para serem produzidos nas ‘’fornalhas’’ da exploração do neoliberalismo, para poderem o mais rápido possível engrossar a fileira do exército de mão-de-obra rápida e eficaz!
Mas porque são seres humanos, por isso mesmo não determinados, podem e devem ir além dos condicionantes. Neste sentido, pensamos cultura, sociedade e educação como possibilidade, porque são manifestações humanas. Entendemos História como um terreno fértil do existir humano, dialético e contraditório em essência. Se cultura pode, por um lado, expressar manifestações simbólicas, sentimentos e emoções subjetivos, por outro, ela também está situada num contexto material específico, num contexto de experiências compartilhadas, num contexto em que certas formas específicas e hegemônicas de trabalho, exploração e resistência existem objetivamente, havendo, por isso mesmo, uma relação dialética entre o subjetivo e o objetivo.
Wadson Calasans - Agosto/2007
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